Dicas para o verão

Durante o verão, aumentam as atividades realizadas ao ar livre. A radiação solar incide com mais intensidade sobre a terra, aumentando o risco de queimaduras, câncer da pele e outros problemas. Por isso, não podemos deixar a fotoproteção de lado. Veja a seguir dicas para aproveitar a estação mais quente do ano sem colocar a saúde em risco.

Roupas e acessórios

Além do filtro solar, no verão é importante usar chapéu e roupas de algodão nas atividades ao ar livre, pois eles bloqueiam a maior parte da radiação UV.  Tecidos sintéticos, como o nylon, bloqueiam apenas 30%. Evite a exposição solar entre 10 e 16 horas (horário de verão). As barracas usadas na praia devem ser feitas de algodão ou lona, materiais que absorvem 50% da radiação UV.  Outro objeto que tem extrema importância são os óculos de sol, que previnem catarata e outras lesões nos olhos.

O verão é o momento de intensificar o uso de filtro solar, que deve ser aplicado diariamente, e não somente nos momentos de lazer.  Os produtos com fator de proteção solar (FPS) 30, ou superior, são recomendados para uso diário e também para a exposição mais longa ao sol (praia, piscina, pesca etc.). O produto deve proteger contra os raios UVA (indicado pelo PPD) e contra os raios UVB (indicado pelo FPS). Aplicar o produto 30 minutos antes da exposição solar, para que a pele o absorva. Distribuí-lo uniformemente em todas as partes de corpo, incluindo mãos, orelhas, nuca e pés. Reaplicar a cada duas horas. Porém, atenção, esse tempo diminui se houver transpiração excessiva ou se entrar na água. Dica: o uso de fluidos siliconados nas pontas dos cabelos impede que eles se danifiquem com o vento, sol ou maresia.

É importante também proteger as cicatrizes, especialmente as novas, que podem ficar escuras se expostas ao Sol. Já as antigas também devem ser protegidas, pois há risco de desenvolvimento de tumores, apesar de ser um evento raro. A proteção pode ser feita com uso de barreiras físicas como adesivos, esparadrapos ou por meio do uso de filtro solar.

Alerta: pessoas de pele negra têm uma proteção “natural”, pela maior quantidade de melanina produzida, mas não podem se esquecer da fotoproteção, pois também estão sujeitas a queimaduras, câncer da pele e outros problemas. Assim como as pessoas de pele mais clara, precisam usar filtro solar, roupas e acessórios apropriados diariamente.

Hábitos diários

As temperaturas mais quentes exigem hidratação redobrada, por dentro e por fora. Portanto, deve-se aumentar a ingestão de líquidos no verão e abusar da água, do suco de frutas e da água de coco. Todos os dias, aplicar um bom hidratante, que ajuda a manter a quantidade adequada de água na pele. Alguns alimentos podem ajudar na prevenção aos danos que o sol causa à pele, como cenoura, abóbora, mamão, maçã e beterraba, pois contêm carotenoides, substância que se deposita na pele e tem importante ação antioxidante. Ela é encontrada em frutas e em legumes de cor alaranjada ou vermelha. No verão estamos mais dispostos a comer de forma mais saudável, ingerindo carnes grelhadas, alimentos crus e cozidos; frutas e legumes com alto teor de água e fibras e baixo de carboidratos.

Apostar nesses alimentos ajuda na hidratação do corpo, previne doenças e adia os sinais do envelhecimento. No banho, recomenda-se usar sabonetes compatíveis com o tipo de pele, de preferência neutros, porém, sem excesso. A temperatura da água deve ser fria ou morna, para evitar o ressecamento.

Micoses

São infecções causadas por fungos e que podem ocorrer na pele, unhas e cabelos.  Quando encontram condições favoráveis ao seu crescimento, como calor, umidade e baixa de imunidade, estes fungos se reproduzem e passam então a causar a doença. Os pés, a virilha e as unhas são os lugares mais comuns em que elas aparecem, mas isso não significa que outras partes do corpo estejam imunes. Vale lembrar que ninguém está livre delas, crianças, jovens, adultos e idosos. A melhor forma de evitá-las é manter hábitos de higiene, como: secar-se bem após o banho, principalmente áreas de dobras da pele, como virilha, entre os dedos dos pés e axilas. Deve-se também evitar andar descalço em pisos constantemente úmidos (lava-pés, vestiários, saunas). Atenção especial aos trabalhadores que usam os EPIs, o ideal é sempre rodiziar roupas e sapatos.

Miliária (brotoeja)

São pequenas bolinhas que surgem, especialmente em bebês, devido ao contato da pele com o suor, principalmente nas “dobrinhas” da própria pele ou das roupas. Podem ser bolhas transparentes com pouca coceira ou “bolinhas” avermelhadas que coçam bastante. Usar roupas leves e soltas e evitar locais muito abafados que propiciam a sudorese excessiva são algumas dicas para evitar brotoejas, sobretudo em pessoas predispostas.

Hipomelanose solar (Manchas e sardas brancas)

As manchas e as sardas brancas surgem devagar e, quando menos se espera, lá estão elas.  Representam danos que os raios solares causaram na pele e aparecem gradativamente com o tempo, principalmente nas áreas expostas da pele.

Manchas senis ou melanoses solares

Em geral, são escuras, de coloração entre castanho e marrom. Surgem em áreas que ficam muito expostas ao sol, como a face, o dorso das mãos e dos braços, o colo e os ombros. Já as sardas brancas aparecem quando há ação acumulativa da radiação solar sobre áreas de pele expostas ao sol de forma prolongada e repetida ao longo da vida. A melhor forma de evitá-las é não se esquecer do protetor solar. Essas lesões são benignas, não evoluem para o câncer da pele, entretanto, recomenda-se avaliação pelo dermatologista para diferenciá-las de lesões suspeitas, que merecem uma avaliação mais detalhada.

Fitofotodermatose (mancha do limão)

Ela sai depois de um tempo, diferente da melanose. Essa mancha é uma queimadura causada pela reação do componente químico da fruta com o sol. Muitas vezes não adianta só lavar, é preciso usar protetor solar para não queimar a pele. Importante lembrar que todas as frutas ácidas no sol podem manchar com menos intensidade, como abacaxi, laranja, tangerina, mas o limão é o mais comum.

Melasma

É a queixa mais frequente no consultório após o verão. Tem o surgimento relacionado a fatores genéticos, hormonais e sol. Costuma aparecer durante a gravidez ou por causa do uso de pílula anticoncepcional. Mas podem aparecer ao acaso, somente por exposição a luz visível. Não tem cura, mas tem melhora. Quem tem melasma precisa usar filtro solar acima de 50 FPS, duas vezes ao dia, e sempre prescrevo protetor solar com cor. Precisa também evitar lugares quentes, só o aumento da temperatura local da face (quando ficamos ruborizadas, com as bochechas vermelhas) pioram o melasma. Para os pacientes com melasma sempre friso que o sol não é o maior vilão, e sim a luz visível (UVA), radiação infravermelho, ambientes quentes (o próprio calor do fogão enquanto cozinhamos), a luz do computador, celular, de nossas casas, principalmente as luzes brancas que são as mais econômicas.

Acne solar

Formam-se lesões papulomatosas (bolinhas) com ou sem pus, sendo vermelhas, podendo ser doloridas como a acne comum da face. Ela é provocada pela mistura da oleosidade aumentada da pele, sudorese, uso do filtro solar e da própria radiação solar. Recomenda-se lavar o rosto com um sabonete adequado para o tipo de pele, usar tônicos mais adstringentes e filtros solares com base aquosa ou em gel, o que pode diminuir a oleosidade.

Pitiríase versicolor (pano branco)

Causado por um fungo que está presente no couro cabeludo. Pessoas com pele oleosa têm mais chance de ter. Também pode ser confundido com vitiligo.

Cuidados com as crianças

Em crianças, inicia-se o uso do filtro solar a partir dos seis meses de idade, utilizando um protetor adequado para a pele que é mais sensível, de preferência filtros físicos. Recomenda-se buscar orientação com pediatra ou dermatologista sobre qual o melhor produto para cada caso. É preciso que crianças e jovens criem o hábito de usar o protetor solar diariamente. É sempre bom lembrar que dar banho com sabonetes em crianças e deixá-las brincando na água com sabão é como deixar “roupas de molho”. A pele do lactante é muito fina, então assim que usar o sabonete no banho retire a criança da banheira. Use sempre sabonete neutro, podendo-se optar por sabonetes que se utilizam como shampoo e sabonete. Crianças apresentam suor intenso no verão. Utilize roupas leves, e para os pacientes de pele sensível ou com diagnostico de dermatite atópica, lembrar que o suor é muito irritativo para toda a pele, portanto é necessário um banho, rápido e morno, como o bom e velho banho de mangueira. Como sempre digo em toda consulta: Suor sai com água. Não precisa de sabonete. O menos é sempre mais para um atópico”. Criança também precisa se proteger do sol, e muito bem.

Como se expor ao sol de maneira saudável para produção de vitamina D?

A vitamina D é um nutriente que é ativado na pele pelos raios solares UVB e nos rins com funções essenciais no ser humano, como a formação e manutenção dos ossos, absorção de cálcio e funcionamento adequado de uma série de órgãos. Alguns alimentos especialmente peixes gordos, são fontes de vitamina D, mas é o sol o responsável por 80 a 90% da vitamina que o corpo recebe. Nos últimos anos, observou-se que uma grande parcela da população mundial (adulta e infantil) apresenta níveis baixos de vitamina D, o que pode favorecer a disfunção de uma série de processos no organismo. Ao passo que os filtros solares bloqueiam eficientemente a radiação ultravioleta B, a região protegida pelo filtro solar apresenta menor síntese de vitamina D. Entretanto, em áreas com menor incidência de radiação solar, como o Uruguai, mesmo os indivíduos que não utilizam filtros solares apresentam níveis baixos de vitamina D. A SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia) recomenda que se conheçam os níveis individuais de vitamina D e a reposição oral seja feita com acompanhamento médico. Assim como incentiva a exposição direta de áreas cobertas, como pernas, costas, barriga, ou ainda palmas e plantas, por 5 a 10 minutos todos os dias, a fim de sintetizar vitamina D, sem sobrecarregar as áreas cronicamente expostas ao sol. Níveis baixos de vitamina D foram verificados em portadores de diferentes doenças. Não há, porém, até o momento, evidências que a suplementação ou níveis altos de vitamina D levem à proteção contra o câncer da pele. E níveis muito elevados podem levar a graves danos nos rins. Finalmente, a SBD esclarece que a radiação solar é essencial à vida no planeta, e seres humanos privados do sol desenvolvem uma série de doenças físicas e psiquiátricas. Entretanto, é possível expor-se ao sol com cuidado, de forma leve e gradual, evitando queimaduras, câncer da pele e minimizando o envelhecimento, a fim de se beneficiar do bem-estar que ele nos proporciona.

Cuidados com os cabelos

A higiene capilar não possui uma regra, depende do tipo de cabelo do paciente e da região na qual ele mora. Isso porque existem fatores individuais e ambientais que influenciam na oleosidade e ressecamento dos fios. Pessoas mais maduras, mulheres na pós-menopausa, negras e aquelas com cabelos secos, em geral, lavam menos, pois o sebo não se distribui uniformemente da raiz à haste, seja pela baixa produção ou pelo formato do fio ser encaracolado.

Se um paciente tem o couro cabeludo oleoso e passa um período sem lavá-lo, a tendência é que ele fique ainda mais oleoso, com aspecto nada bonito. Isso pode até mesmo favorecer o surgimento da dermatite seborreica naqueles que já tenham essa tendência. E tanto o excesso de oleosidade quanto a dermatite seborreica fazem cair os cabelos. Se uma pessoa com cabelos secos lavá-los mais do que deveria, a tendência é que fiquem ainda mais ressecados, com aquele efeito frizz (arrepiado).

Além disso, é importante evitar o excesso de detergente que os xampus contêm. Não é a quantidade de produto aplicado que assegura uma higiene adequada, e sim a forma como é aplicada durante o banho. O paciente sempre deve dar mais atenção ao couro cabeludo na hora da higienização. Oriento sempre 2 aplicações do shampoo. A primeira aplicação é a mais importante. A aplicação do couro cabeludo, é ali que está concentrada a oleosidade.

No verão o ideal é lavar os cabelos em dias alternados. Por isso, o xampu deve ser aplicado especialmente nessa região que, em seguida, deve ser massageada ainda com o produto. O ideal é que o xampu permaneça ali, em geral, por dois a três minutos.

Na sequência, ele vai descendo e removendo os resíduos que ficam no comprimento dos cabelos até a ponta. A oclusão dos cabelos com bonés, capacetes (principalmente trabalhadores que usam capacete como EPIs), gorro, toucas aumentam a oleosidade do couro cabeludo e no verão para quem tem couro cabeludo oleoso pode se beneficiar com lavagens diárias. Lavar os cabelos diariamente nesses casos não é prejudicial.